Fiocruz vai desenvolver novo teste, investigar mortes de fetos e pesquisar transmissão da Febre do Oropouche
26/07/2024
(Foto: Reprodução) Cientistas vão observar como acontece a transmissão em biomas diferentes ao da região amazônica. Pernambuco confirmou 86 casos da doença e 4 perdas de gestação em mulheres que tiveram sintomas. Daniele Medeiros, pesquisadora da Fiocruz, explica como será núcleo para investigar Febre do Oropouche em Pernambuco
Pesquisadores do Departamento de Referência em Arboviroses e do Serviço de Referência em Controle de Mosquitos Vetores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vão pesquisar a Febre do Oropouche em Pernambuco. A iniciativa acontece depois que o número de casos da doença aumentou no estado, passando até agora para 86 identificados (veja abaixo), e que a Secretaria Estadual de Saúde confirmou a morte de quatro fetos infectados com o vírus.
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O Ministério da Saúde confirmou, na quinta-feira (25), as duas primeiras mortes por Febre do Oropouche no país. As mortes confirmadas foram de duas mulheres do interior da Bahia, com menos de 30 anos, sem comorbidades. Segundo o ministério, "não havia relato na literatura científica mundial sobre a ocorrência de óbitos pela doença".
De acordo com a bióloga e biomédica Daniele Medeiros, especialista no estudo de insetos e integrante do Departamento de Entomologia da Fiocruz, e que vai integrar a equipe de pesquisadores da Fiocruz em Pernambuco que atuará nas investigações sobre o Oropouche, o grupo de cientistas vai agir em três frentes:
Desenvolvendo um teste sorológico para auxiliar a testagem de casos juntamente com o Laboratório Central de Pernambuco (Lacen);
Capturando maruins e outros insetos que podem estar na região transmitindo a doença;
Fazendo treinamentos e desenvolvendo pesquisas específicas sobre o Oropouche.
"É uma complementação. O teste hoje que é implementado no Lacen é um teste bem rápido, mas é de biologia molecular. Ele só detecta o vírus. A gente quer implementar um outro tipo de teste, que vai detectar a resposta imune das pessoas. Então a gente vai ter uma possibilidade maior de detecção no estado", explicou a pesquisadora, que tem experiência em investigar insetos na região amazônica.
A bióloga explicou que os cientistas já perceberam que os casos em Pernambuco estão concentrados numa região próxima à Mata Atlântica e que o estado está fazendo investigações em diferentes biomas para identificar o potencial de cada região na dispersão do vírus da Febre do Oropouche.
Outro aspecto que vai merecer a atenção dos pesquisadores da Fiocruz são os quatro casos de perda gestacional já identificados em mulheres que tiveram sintomas da doença. Ainda não há comprovação de que a infecção tenha causado a interrupção das gestações.
"A gente vai dar todo o apoio ao sistema de vigilância, em relação a questão do diagnóstico, e fora isso, vamos desenvolver algumas pesquisas direcionadas para a elucidação dessa hipótese", complementou a pesquisadora da Fiocruz.
Até o momento, o Laboratório Central de Pernambuco (Lacen/PE) confirmou 86 casos da Febre do Oropouche em Pernambuco. O vírus isolado foi identificado em pacientes dos seguintes municípios:
Jaqueira
Pombos
Água Preta
Moreno
Maraial
Cabo de Santo Agostinho
Rio Formoso
Timbaúba
Itamaracá
Jaboatão dos Guararapes
Catende
Camaragibe
Ipojuca
Aliança
O que é a Febre do Oropouche?
Febre Oropouche é causada pelo mosquito maruim (mosquito-pólvora ou borrachudo)
Reprodução/SES
A Febre do Oropouche é conhecida no Brasil desde os anos 1960 e já foi responsável por epidemias na região Norte do país. Considerada uma arbovirose, assim como a dengue, a zika e a Chicugunya, o vírus do Oropouche é transmitido pelo maruim, diferente das outras arboviroses – que são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
A doença também pode ser transmitida pela muriçoca, ou pernilongo. O horário de maior atividade desses vetores é ao entardecer e no início da noite.
Para se prevenir, os profissionais da área de saúde têm indicado o uso de repelentes e roupas compridas, visando a proteção de braços e pernas. Um cuidado especial deve ser tomado por gestantes, crianças e idosos. O uso de repelente nesses casos deve ser os considerados menos tóxicos.
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